Curso profissionalizante para mulheres em situação de vulnerabilidade em São Bernardo do Campo e Guarulhos (SP) forma primeira turma
A primeira turma do Mulheres na Cor, projeto que nasceu do sonho de transformar vidas por meio da profissionalização para o mercado de reparação e repintura automotiva, já está apta a trabalhar no segmento – que ainda tem uma participação feminina muito reduzida. As 14 mulheres de comunidades de São Bernardo do Campo e Guarulhos (SP) contam agora com todas as organizações envolvidas para auxiliá-las na busca por vagas.
Idealizado pela AkzoNobel e elaborado em parceria com a Norton Saint-Gobain e o SENAI-SP, o Mulheres na Cor é um programa de desenvolvimento profissional e de retomada da autoestima que foi preparado para resgatar mulheres em condição de vulnerabilidade e com dificuldade de recolocação no mercado de trabalho, criando um ambiente para que se sintam acolhidas, protegidas e prontas para reconstruírem suas vidas.
O projeto busca despertar e explorar o potencial feminino, transformando vidas como a da Maria da Guia Silva, 46 anos, que é diarista em casas de família e trabalha também em um buffet de festas; e de Silvia Ferreira de Sousa, 50 anos, que está desempregada há dois anos mesmo tendo vasta experiência em metalúrgicas. Participante do Mulheres na Cor, Maria cria os netos de nove, sete e três anos de idade, dos quais tem a guarda provisória. Por isso, busca melhores oportunidades de trabalho. “Eu trabalhei 23 anos em equipe de limpeza, dali tirei meu sustento e minha casinha, que ajudei a colocar de pé, carregando areia e material”, conta. “Estou super orgulhosa em concluir o curso, porque eu achava que pintura automotiva era só para homens. Quando contaram na ONG que ia ter um curso como esse, fiquei surpresa. Se eu carrego um milheiro de bloco, um metro de areia, posso trabalhar com carro agora também! Preguiça não tenho, não!”, completa. Ela diz que gostou de tudo no curso, mas se identificou especialmente com o aprendizado sobre polimento. “Já fiz muito polimento de hidromassagens e banheiras, agora sei como fazer em carros”, explica.
Quem também vive a expectativa de conseguir um emprego na área automotiva é Silvia, que trabalhou 27 anos na área de produção em metalúrgicas e vê no curso uma chance de mudar de carreira e conseguir uma recolocação. “Achei uma oportunidade maravilhosa. São poucas mulheres nesse mercado, mas vejo um leque grande de possibilidades em um segmento importante”, afirma. “O curso como um todo tem um certo fascínio, de saber como se faz, os macetes, a parte de ajuste de cor, que aprendemos tudo na teoria e na prática. Agora quero ganhar mais experiência e colocar todo esse conhecimento em ação”, conclui.
Da ideia à prática – Ozinei Manzano, gerente de Vendas Brasil da AkzoNobel, conta que os colaboradores da companhia foram desafiados em fóruns internos a pensar em programas de inclusão de mulheres no time de vendas no país. “Nas discussões, vimos que a inserção feminina no segmento de pintura como um todo é ainda muito discreta. De uma experiência anterior de treinamento em uma rede de lojas de tintas no interior de São Paulo, na qual auxiliares de limpeza se tornaram coloristas e profissionais altamente capacitadas, surgiu a ideia de replicar a experiência, acolhida pelo time de repintura automotiva da AkzoNobel, que aprimorou o projeto com ideias como o acompanhamento psicológico e mentorias durante o período de treinamento, que também ganhou parceiros importantes fora da empresa, inclusive para auxiliar na recolocação das participantes”, explica.
Hoje, além da AkzoNobel, Norton Saint-Gobain e SENAI-SP, o Mulheres na Cor conta com diversos parceiros: Bela Tintas, Instituto Localiza, Liberty Seguros, Sigma Transportes e Sindirepa, o Sindicato da Indústria de Reparação de Veículos e Acessórios do Estado de São Paulo.
Para auxiliar em toda essa empreitada, o projeto-piloto teve a parceria das Organizações Não-Governamentais (ONGs) Aldeias Infantis SOS, em São Bernardo do Campo (SP), e Hamburgada do Bem, de Guarulhos (SP), para fazer a seleção e relacionamento com as candidatas. Para essa primeira turma, as ONGs priorizaram mulheres acima de 30 anos, com escolaridade mínima de 4º ano do ensino fundamental, em condições de vulnerabilidade, sem renda fixa e com muita vontade de aprender.
A capacitação técnica foi promovida pela instituição de educação profissional SENAI-SP e pelas empresas da cadeia automotiva reconhecidas no segmento e que pavimentarão o caminho para que essas mulheres encontrem dignidade e autonomia por meio do trabalho. Um programa de mais de 300 horas de muito aprendizado teórico e prático foi pensado especialmente para essa iniciativa, abrangendo soft skills e comportamento, preparação e repintura automotiva, polimento, colorimetria e ferramentas.
O projeto também proporcionou experiências únicas para essas mulheres, como assistir uma corrida de Stock Car no Autódromo de Interlagos e, mais que isso, fazer a repintura de um carro da competição, o #12 do piloto Lucas Foresti, da KTF Sports.