Harlet Orellan e Nadi Duno mostram que a pintura não transforma apenas ambientes, é capaz de mudar o curso da vida, traçar outros rumos, e reescrever histórias! Em exclusividade, o Jornal do Pintor conta a trajetória de sucesso dessas duas pintoras venezuelanas que, após se refugiarem no Brasil, encontraram nas tintas um novo caminho
A história das Meninas Venezuelanas é daquelas que inspiram e motivam qualquer pessoa!
Harlet Orellan, tem 41 anos, é mãe de dois filhos, é pintora profissional e, sendo filha de um construtor civil, sempre esteve envolvida com as rotinas da profissão. “Filho de gato, caça rato”, brinca e diz que sempre gostou de mexer com paredes e com construção. Nadi Duno, 38 anos, se formou em pedagogia na Venezuela, é professora de matemática e informática e no Brasil atua como ajudante de pintura. “Cada projeto que entra na minha vida faço com amor!”.
Esta história começa em 2016, quando as duas se mudaram da Venezuela para o Brasil. “Deixamos tudo para trás, casa, família e amigos. Viemos por terra, não foi fácil, demoramos sete dias!”, diz Nadi Duno ao enfatizar que trouxeram duas malas, com muitos sonhos e esperanças.
Já em terras brasileiras, chegaram em Santa Cecilia, em Roraima, foram hospedadas por um primo. Depois de um mês, realizando diversos trabalhos desde faxina, capina de quintal, babá e pinturas, alugaram um local para morar e sempre receberam ajuda e amizade dos vizinhos. “A melhor definição para o povo brasileiro é: amor para dar! Muito acolhedor”, define Nadi.
Nadi e Harlet permaneceram em Roraima por dois anos. Em 2018, tentaram retomar suas vidas na Venezuela e voltaram para suas casas. Porém, novamente sem recursos sentiram a necessidade de mudar novamente. “Fomos para Colômbia, depois para Peru, mas nada se compara ao apoio que o Brasil oferece para um refugiado, começando pela documentação. O sonho de qualquer imigrante é o Brasil, tivemos dificuldade com o idioma apenas!, conta Harlet.
De volta ao Brasil, organizaram todos os documentos, decidiram por morar em uma cidade maior e a escolha foi Salvador (BA). “Fomos acolhidas por um padre na Ilha Maré (BA), que nos ofereceu moradia por quatro meses. Trabalhamos em projetos sociais e de reciclagem, e inclusive tivemos aula de português na paróquia. Depois conseguimos alugar uma casa que proporcionou nos tornamos independentes”, explicam as duas ao lembrarem que a pandemia dificultou muito a procura por trabalho. “Nunca nos faltou Deus, e todas as pessoas sempre foram muito acolhedoras na Ilha Maré”.
A pintura já era um dos seus trabalhos desde a primeira estadia no Brasil, em Roraima. Já na Ilha Maré (BA), as Meninas Venezuelanas – como são conhecidas – começaram a atuar como pintoras nas casas de alguns amigos e familiares dos seus apoiadores. Nesta fase, já com o sentimento empreendedor, buscaram na internet por grupos de pintores e fizeram contato com o Movimento Brasil por um Pintor Melhor (MPBM). Assim, tudo começou a ganhar força! A equipe do Movimento as encaminhou para o grupo de Pintoras Mulheres e para Ana Machado, a pintora da Paraíba, que ofereceu prontamente apoio profissional para as duas com indicação de locais e clientes. Em pouco tempo, foram apresentadas ao pintor Manuel Junior, mais conhecido como Palmito, na cidade de Salvador (BA). Harlet define que ele foi um anjo em suas vidas! “A pintura na Venezuela é totalmente diferente do Brasil, fomos nos aperfeiçoando. Na pintura você imagina, e se torna um artista”.
Emocionadas, com os olhos cheios de lágrimas, as Meninas Venezuelanas encerraram esta reportagem afirmando: “as tintas representam tudo em nossas vidas, a nossa estabilidade, a ajuda que enviamos às nossas famílias na Venezuela e um futuro cheio de conquistas”.